MTV, grunge e Metallica: como o Winger virou piada nos anos 90

Redação 89

MTV, grunge e Metallica: como o Winger virou piada nos anos 90 imagem divulgação

Em uma entrevista recente à Badass Network, o guitarrista Reb Beach abriu o jogo sobre o declínio meteórico do Winger, banda que foi do topo das paradas ao esquecimento em questão de semanas nos anos 1990. “Parecia que tudo ia durar para sempre”, disse Beach sobre o sucesso nos anos 80 (via Ultimate Guitar). “Mas se o Winger tivesse saído em 1986 [um ano antes de sua formação], eu seria um homem rico. Infelizmente, não foi isso que rolou.”

A virada veio no início dos anos 90, quando o cenário musical foi sacudido pela chegada do grunge e a mudança no gosto do público. “De uma hora pra outra, ninguém mais queria saber da gente. Os shows foram cancelados, a venda de ingressos parou de um dia para o outro”, contou. O guitarrista lembra de um momento simbólico: no clipe de “Nothing Else Matters”, do Metallica, o baterista Lars Ulrich aparece jogando dardos em um pôster de Kip Winger — vocalista da banda. A imagem virou símbolo do desprezo que o mainstream passou a nutrir por bandas como o Winger.

Como se não bastasse o Metallica, o golpe final veio com a MTV. O programa Beavis and Butt-Head, sucesso absoluto na emissora nos anos 90, ridicularizou o Winger ao associá-los a um personagem nerd que usava camiseta da banda. Já os valentões da série usavam camisetas do AC/DC e Metallica. Resultado? O nome Winger virou sinônimo de algo “não cool”. Beach lamenta o que rolou: “Ninguém queria ser flagrado em um show nosso.”

A derrocada foi tão intensa que Reb precisou vender suas guitarras e a própria casa. “Achei que o álbum ‘Pull’ seria o nosso melhor momento. Mas foi um fracasso. Tive que vender tudo pra sobreviver até conseguir uma vaga na banda do Alice Cooper.” O guitarrista ainda lembra que Kip Winger teve que lhe emprestar 500 dólares para ele conseguir ir à audição. “Não aconteceu só com a gente, mas com a gente foi pior. Até o Mr. Big sofreu, mas nós viramos o símbolo do que não ser.”

Apesar de todo o massacre que sofreu nos anos 90, o Winger passou por uma espécie de redenção silenciosa nas últimas décadas. Eles nunca voltaram ao mainstream, mas construíram uma base fiel de fãs que reconhece o talento técnico da banda, especialmente nas composições e na execução instrumental — coisa rara em muitas bandas do glam/hair metal da época. Podemos dizer que hoje o Winger entrou no rol das bandas cult — aquelas que foram injustiçadas comercialmente, mas acabam resgatadas por fãs e críticos como joias esquecidas do bom e velho rock and roll.



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