Música pode mudar a forma como sentimos o passado, sugere estudo

Você já notou que ouvir músicas pode trazer de volta uma enxurrada de memórias? Um estudo de neurociência do Instituto de Tecnologia da Geórgia mostrou que a música pode modificar a carga emocional das lembranças, influenciando como percebemos nosso próprio passado.
A pesquisa, publicada no Springer Nature, descobriu conexões intrigantes entre música, emoção e memória. Especificamente, ouvir música pode mudar como você se sente sobre o que se lembra – potencializando de forma positiva o que passou e explicando o sentimento de que “no passado tudo era melhor”.
“Quando você ouve música, não são apenas seus ouvidos que estão engajados. As áreas do seu cérebro responsáveis pela emoção e memória também se tornam ativas. O hipocampo, que é essencial para armazenar e recuperar memórias, trabalha em estreita colaboração com a amígdala, o centro emocional do cérebro. É em parte por isso que certas músicas não são apenas memoráveis, mas também profundamente emocionais”, explica a pesquisadora Yiren Ren, em artigo do The Conversation.
Os resultados do experimento sugerem que as memórias são mais maleáveis do que se imaginava e podem ser influenciadas por estímulos sonoros durante sua recordação. Isso abre novas possibilidades para compreender como o cérebro reconstrói o passado e como experiências musicais podem impactar a forma como sentimos e interpretamos nossas próprias histórias.
Além das implicações científicas, essas descobertas também oferecem novas perspectivas para o uso da música no dia a dia e na saúde mental. Para pessoas que enfrentam transtornos como depressão ou TEPT, a música pode ser uma ferramenta poderosa para ressignificar lembranças difíceis, reduzindo seu impacto emocional ao longo do tempo. No cotidiano, a trilha sonora que escolhemos pode estar moldando, de forma sutil, como nos lembraremos de hoje em momentos futuros. Assim, cada playlist ou canção favorita pode ser mais do que uma simples escolha musical — pode ser um instrumento para moldar nossas memórias.