Neurocientista revela como Joni Mitchell se recuperou de um derrame com ajuda da musicoterapia

A lendária cantora e compositora Joni Mitchell, um dos maiores nomes da música do século 20, enfrentou um grave derrame em 2015 que comprometeu sua fala e mobilidade. Apesar do diagnóstico pessimista e da ausência de um plano médico de acompanhamento, Mitchell encontrou na música um aliado essencial em seu processo de recuperação.
O músico e neurocientista Daniel Levitin, amigo de longa data da artista, desempenhou um papel fundamental ao orientar um programa de musicoterapia personalizado. Em matéria publicada neste sábado (18) pelo The Guardian, ele explicou como músicas que Mitchell amava — de Claude Debussy a Marvin Gaye — foram cruciais para estimular sua recuperação. Segundo Levitin, o vínculo emocional com essas canções ajudou a motivá-la a enfrentar os desafios terapêuticos.
“Uma das coisas que sabemos é que a música que você gosta aumenta a dopamina, e a dopamina é essencial para a motivação”, comentou Levitin. Para Mitchell, relembrar momentos marcantes de sua vida por meio da música foi como redescobrir sua essência, o que impulsionou seu progresso.
Levitin, autor de “Music As Medicine”, também ressalta os benefícios preventivos da música para o cérebro. Embora não previna o Alzheimer, o envolvimento ativo com a música — especialmente ao tocar um instrumento — pode atrasar os efeitos da doença, fortalecendo as conexões neurais e promovendo a chamada reserva cognitiva.
Questionado se a música é um pouco como um treino para o cérebro, o neurocientista responde: “Sim: envolve todas as partes do cérebro que conhecemos. Invoca memória, emoção, sistemas de recompensa, coordenação, planejamento. Há muita coisa acontecendo lá, e mesmo que você não seja um músico profissional ou particularmente bom nisso, você obtém todos os benefícios.”
Mitchell é prova viva desse poder, mostrando como a música não apenas emociona, mas também cura. Sua jornada reforça a importância de integrar a música ao cotidiano, tanto como forma de prevenção quanto de superação. Para Levitin, a mensagem é clara: cante, toque e viva a música — ela é o verdadeiro remédio para a mente e o espírito.