Revisitando música de Vanusa que pode ter inspirado riff do Black Sabbath, Gabi Albuquerque lança audiovisual de novo EP

A cantora e compositora Gabi Albuquerque lança nesta terça-feira (30) o registro audiovisual completo de “Espelho na garagem”, EP ao vivo em estúdio lançado no último dia 20. Após aventurar-se por um som mais pop e intimista, ela e sua banda revisitam as canções do EP “Espelho” em um formato mais despretensioso, com aquele punch das bandas de garagem e uma sonoridade mais ‘suja’, rápida, menos técnica mais orgânica. Além das cinco faixas autorais do EP, o registro que chega hoje ao YouTube contém ainda seis clássicos fundamentais que moldaram a personalidade artística de Gabi. São canções que, embora não sejam necessariamente rock’n’roll, contém elementos do gênero e a potência necessária para chegar à garagem da artista e ganhar uma versão mais visceral, como as bandas do tipo normalmente fazem.

Com a premissa de que, muitas vezes, nos reconhecemos a partir da vivência do outro, as canções criadas originalmente para o EP “Espelho” compartilham histórias e pontos de vista de uma mulher lésbica, no alto dos seus 40 anos, no caminho do autoconhecimento. Mas o que antes era apresentado ao público como um convite à reflexão, hoje apresenta-se com a potência máxima do rock and roll. Sem culpas. Sem amarras. E trazendo uma prévia da energia que Gabi apresenta em seus shows.

“Ainda Tô Aqui” é uma tentativa de amenizar a angústia do não pertencimento a partir da valorização das individualidades e fragilidades do ser humano. “Não Tem Volta” fala sobre a necessidade de se confiar na força do coletivo nos momentos mais desafiadores da sociedade. Duas canções que deixam explícito o senso de comunhão entre as pessoas.

Enquanto “Apego” é sobre as dificuldades que temos em nos libertar das nossas próprias prisões, da hipocrisia e de como o ego nos engana, “Minha Invenção” trata da sensação física de experimentar o caminho do autoconhecimento, ao abandonar um ideal imaginário de projeção sobre quem se quer ser.

O momento de respiro do EP vem com a libidinosa “Mountain Girls”, que versa sobre a inutilidade de lutar contra o próprio desejo e as incríveis consequências de finalmente se render ele – sobretudo se você é uma pessoa LGBTQIAP+.

Gravado “ao vivo” no estúdio Lém7, os músicos Leonardo Ock Tock (baixo), Gustavo Pacheco (guitarra), José Consani (guitarra) e Kenji Barbosa (bateria) acompanharam Gabi Albuquerque neste registro. A direção de fotografia do projeto ficou a cargo de Debora Sacramento e Elder Silveira.

“Essas canções foram escolhidas porque dialogam com os valores do meu trabalho e são pautadas, em sua maioria, em interpretações de mulheres. ‘Caxangá’, gravada magistralmente por Elis Regina, fala da questão capitalista; ‘Agito e Uso’, da Angela Ro Ro, é uma espécie de firmamento ideológico da igualdade entre gêneros. ‘Fé Cega, Faca Amolada’, brilhantemente registrada pelos Doces Bárbaros, sobretudo pelas vozes de Gal e Bethânia, é uma crítica a esse movimento de violência justificado por valores religiosos”.

Gabi fala ainda sobre uma seminal colaboração para o rock brasileiro e que abriria uma eterna discussão entre os fãs de heavy metal. “Precisamos lembrar que a Vanusa colocou ‘What To Do’ no mundo com um riff de guitarra que seria usado posteriormente pelo Black Sabbath”, explana a artista sobre pioneirismo feminino, sem esquecer também de Rita Lee, presente em uma versão de “Mamãe Natureza” e que é, sem dúvidas, uma das referências máximas do rock feito por mulheres.

Essa lendária música da Vanusa está disponível na contagem 31:10 do vídeo abaixo:

This post was last modified on 30 de abril de 2024 12:03

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