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Entrevistamos Howlin’ Pelle do The Hives

Redação 89

Entrevistamos Howlin’ Pelle do The Hives imagem divulgação

Os caras do The Hives lançaram neste fim de semana o seu primeiro álbum de estúdio em mais de uma década: The Death Of Randy Fitzsimmons, que chegou às plataformas digitais e lojas de todo o mundo via FUGA.

O vocalista Howlin’ Pelle concedeu uma entrevista para a 89 FM e deu detalhes do novo trabalho da banda. Ele conversou com nosso produtor/apresentador Wendell Correia. Confira a transcrição dessa conversa:

89FM: Oi, Howlin’ Pelle! Legal te conhecer.

HOWLIN’ PELLE (THE HIVES): Legal te conhecer também. Como estão as coisas por aí?

Bem! Estou bem aqui no Brasil. Onde você está agora?

Estou em Estocolmo, na Suécia. Me preparando para ser o apresentador do Grammy Awards (risos).

Eu acho que vocês vão conseguir ganhar porque é um ótimo álbum, parabéns.

Muito obrigado! Valeu! Te agradeço de verdade. Fico feliz que gostou. Já faz muito tempo, estou muito feliz por finalmente estar lançando algo.

Não quero te fazer se sentir velho, mas eu escuto The Hives desde quando eu era adolescente. Esse novo álbum está ainda melhor do que eu esperava.

Muito obrigado! Isso me deixa feliz.

E falando sobre o Brasil primeiro, você já esteve no Brasil. Quais são as suas memórias daqui?

Eu me diverti muito no Brasil. É legal porque ficamos muito tempo entre a Europa e Estados Unidos. Fomos para o México algumas vezes, mas demorou muito para irmos para Brasil e Argentina. Então nos deu um novo estímulo ao vivo, fez as turnês voltarem a ser divertidas. E no Brasil, eu me lembro da comida maravilhosa, vinhos, ótimos fãs. Minha companheira cresceu no Brasil. Então fomos e ficamos aí depois de uma turnê, visitamos todos os lugares que ela frequentava quando estava crescendo. Tenho memórias muito divertidas do Brasil. Eu amo e espero voltar logo.

Eu não sabia disso. Onde você passou esses dias com ela por aqui?

Ela morou no Rio de Janeiro quando ela criança. Então fomos para o RJ por uma semana, depois ficamos uma semana em Trancoso, onde temos alguns amigos que moram lá. Em todos os lugares, são ótimas memórias, cara.

Aprendeu um pouco de português?

Apenas o que falar no palco. Antes do show eu peço para alguém me dizer algumas coisas para falar no palco e tento lembrar disso. Se alguém me responder, lascou. Não consigo conversar. Eu sei algumas palavras, mas não sei conversar. Até me perguntam em algumas entrevistas se eu poderia fazer em português. “Eles realmente acham que sei falar português? Fica tão bom assim no palco?”. Eu não acho que fica tão bom assim.

Sensacional! E falando sobre o novo álbum novamente, é o primeiro em mais de 10 anos. E vocês postaram um vídeo nas redes sociais do The Hives onde vocês estão no túmulo de Randy Fitzsimmons, compositor e empresário de vocês, onde vocês estão cavando fitas cassete. A arte da capa é o ponto de vista do caixão daquele momento. Qual é o significado disso e o que aconteceu?

Não sabemos exatamente o que aconteceu. Mas fizemos a turnê do então último álbum e geralmente ele fica afastado um ou dois anos fazendo sei lá o que enquanto estamos em turnê. Depois, nos encontramos e fazemos novas músicas de novo. Mas dessa vez ele não voltou. Nós nos reunimos, agendamos e fizemos alguns shows e ele nunca mais apareceu nos shows. Nós não tínhamos músicas suficientes para fazer um álbum. Então os fãs começaram a protestar. E nós queríamos fazer um álbum também, mas não podíamos porque não tínhamos nenhuma música. Mas finalmente tinha um obituário deixado do lado de um lugar onde morávamos. E com esse poema e obituário, achamos essas fitas cassete, que são versões demo de músicas do Randy Fitzsimmons. Era óbvio que foram feitas por ele. Tinha músicas suficientes para um álbum. Mas talvez seja o final disso, não sei. Talvez seja tudo o que a gente vai conseguir. Se ele vir isso, não tenho certeza. Alguém o declarou morto, mas não sei. Parecia ser conveniente chamar o álbum de “A Morte de Randy Fitzsimmons” porque foi essa a razão que demorou tanto.

Espero que não seja o último álbum do The Hives, cara.

Também espero que não. Quero continuar por um tempo. Eu gosto de fazer isso.

Eu acho que foi uma bomba que o matou, porque muitas músicas do The Hives falam sobre bombas.

Sim, e eu não sei o porquê disso. Ele faz muito isso, tem muitas citações sobre explosões e bombas. Acho que é sobre o sentimento que a música faz você sentir. Tem músicas que faz você sentir que tem uma bomba, então às vezes coloco isso nas letras.

Onde e quando o novo álbum foi gravado?

Começamos há um ano, quando gravamos as primeiras músicas. Então gravamos uma música por dia durante uma semana. Então já estávamos nessa pegada e gravamos mais uma semana no final de maio do ano passado. Depois ficamos mais algumas semanas gravando no meio do segundo semestre do ano passado. Aí o álbum foi mixado e finalizado próximo do ano novo, o que geralmente é um bom sinal para um álbum do The Hives. O “Veni Vidi Vicious” foi finalizado logo depois do ano novo. Então acho que é um bom prenúncio.

Então foi depois do lockdown. O quanto o lockdown interferiu na forma que vocês trabalharam nesse novo álbum?

O plano inicial era gravar o álbum nos Estados Unidos, mas aí as coisas ficaram complicadas. Então adiamos isso, essa foi a diferença. Mas no meio da pandemia, fizemos uma turnê na Europa e nos Estados Unidos. Tivemos uma brecha que pareceu 5 minutos entre a covid e as variações Delta e Ômicron. Teve essa janela onde encaixamos uma turnê. Não podíamos trabalhar da mesma forma, mas isso meio que nos forçou a finalizarmos algumas coisas. Já que não podíamos agendar shows ou fazer turnês, nos forçou a ficar em casa e finalizar as músicas. Então não foi de todo mal para nós.

Você tem alguma faixa favorita no álbum?

Gosto muito de “Stick Up”, acho que é a minha favorita no momento. Também gosto muito de “Countdown to Shutdown”, acho que é uma pegada boa. E “Trapdoor Solution”. Vou escolher essas hoje. Quais são as suas favoritas?

Minha favorita também é “Countdown to Shutdown”. A primeira, “Bogus Operandi”, gostei bastante.

Legal!

E tem outra que gostei também, a “Two Kinds of Trouble”.

Legal, demais! É uma das mais antigas. Tocamos ela ao vivo uma vez há muito tempo. É uma versão um pouco diferente, mas a música já existia de alguma forma há muito tempo. Concordo com você, são boas músicas. Obrigado!

E falando sobre “Two Kinds of Trouble”, ela me chamou atenção porque é uma piada que tenho com meus amigos porque eles dizem: “existem dois tipos de problemas: o meu e o seu. Esse problema é seu, não meu”.

(Risos) Essa é boa! Mas não é sobre isso. Mas acho que essa explicação é melhor. “Two Kinds of Trouble” é sobre o sentimento de que não importa o quanto você se preocupa, vai se dar mal de qualquer forma. É como, por exemplo, policiais e criminosos. Se você andar com eles, serão dois tipos de problemas. De qualquer forma são problemas, só vai mudar o tipo de problema que você vai ter. Então tem que escolher rápido qual tipo de problema você vai querer. Mas gostei dessa explicação: é o seu problema e o meu problema.

Sim! E o que significa a música “Countdown to Shutdown” para você?

É sobre economia, de certa forma. Uma visão pós pandemia sobre economia e as pessoas. É meio que a mesma coisa anterior, sempre tem problemas depois de tudo, apenas são tipos diferentes.

E falando sobre a primeira faixa, “Bogus Operandi”, o que ela significa e por que decidiram abrir o álbum com ela?

Porque realmente achamos a introdução legal.

É legal mesmo.

Ela tem sido uma das nossas músicas favoritas durante todo o processo de fazer o álbum. É uma música que todos da banda gostam bastante. E ficamos com ela na cabeça depois que ouvimos o álbum. Inicialmente, iríamos abrir com “Step out of the Way”, mas pareceu mais legal abrir com “Bogus Operandi”.

E consigo imaginar vocês abrindo os shows com essa música. Vocês vão começar os shows dessa turnê com essa música?

Sim, é o que parece. Geralmente abrimos os shows das turnês com a primeira faixa do novo álbum. Sempre gosto de quando você vai em um show e ouve o álbum antes no caminho e a banda começa a apresentação da mesma forma do disco. Sempre achei isso legal. Então sim, provavelmente vamos começar com ela.

Não vamos ter tempo para falar sobre todas as faixas, mas gostaria de falar sobre algumas como “Crash into the Weekend”. Qual é a sua forma favorita de começar o fim de semana?

Tenho duas formas: gosto de sair e “apagar” ou de viver a sexta-feira como são os outros dias da semana, indo para casa, jantar, cama e ter um ótimo sábado. Você tem que balancear isso. Mas a minha forma favorita para entrar no fim de semana é provavelmente começar com cerveja e Vodka.

As duas ao mesmo tempo?

Sim, fazer uma mistura. Começar com cerveja e depois mudar para Vodka.

E o que significa a música “The Bomb” nesse álbum?

A música é sobre ficar maluco dessa forma que estávamos falando. “Ele é uma bomba, eu sou uma bomba, ela é uma bomba. Nós somos bombas e vamos explodir hoje à noite.” É autoexplicativo. E tem versos diferentes, onde você tenta achar a melhor forma de falar e isso meio que confunde o que realmente é isso. Porque você fazendo ou deixando de fazer, apenas sinta. Foi criada de forma espontânea no estúdio. Mas não tínhamos o que cantar na música, então cantei isso. E depois pensamos sobre as palavras e o que é o que você quer fazer e o que você não quer fazer? É sobre festas? Vamos mudar para outra coisa e acabou sendo algo sobre se animar, se cansar. Mas é sobre ficar maluco. É também sobre como a gente começa o fim de semana (risos). Tudo é sobre curtir o fim de semana. Se tiver um fim de semana, eu certamente vou começar bem. E com essas “bombas”, já fica tudo desse jeito.

Todas as coisas boas acontecem nos fins de semana, né?

Sim, se você for de uma cidade de trabalhadores da Suécia. Você tinha que trabalhar bastante para juntar dinheiro suficiente para ficar bêbado no fim de semana. Mas não sei mais se as pessoas vivem assim. É meio que antiquado porque agora todo mundo faz “home office”. Todo mundo vive de uma forma que não existe fim de semana, não existe dias da semana, não tem muita diferença entre o sábado a noite e a manhã de domingo, tudo é da mesma forma. E acho que por isso que queremos lembrar do tempo que tínhamos um fim de semana de verdade, com a sexta-feira chegando e você começando a se sentir bem. Agora todos os dias para nós são iguais. Ou pode-se dizer que vivemos o sábado o tempo inteiro, acho melhor.

Estou me sentindo da mesma forma aqui em São Paulo, Brasil. Acho que essa mudança está acontecendo no mundo inteiro.

Parece que depois da pandemia ninguém mais tem os dias da semana destinados só para o trabalho.

Muito obrigado! Legal te conhecer. Espero ver vocês no Brasil em breve.

Mal posso esperar para voltar e vê-los novamente.

Muito obrigado. E parabéns pelo novo álbum, eu realmente curti.

Obrigado, cara! Se cuida. Tchau!

Você também, obrigado.



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