89 conversa com Richie Ramone que tocará em SP

Redação 89

89 conversa com Richie Ramone que tocará em SP imagem divulgação

A 89 bateu um papo com o Richie Ramone, ex-baterista dos Ramones, ele vai tocar em São Paulo na Clash Club, no dia 28 de agosto.

O músico falou sobre  o processo de criação e de composição do  novo álbum “Cellophane”,  a versão de “Enjoy The Silence” do Depeche Mode e  revelou que quis trazer um novo tipo de estrutura  para as novas músicas.

Richie também destacou a importância de estar em turnê em contato com os seus fãs, até porque eles são a sua inspiração para sua dedicação a música.

Sobre sua apresentação em São Paulo, ele não revelou o que irá fazer, mas promete um bom show e afirmou que continua com o ritmo  agressivamente rápido e alto assim como os Ramones.

Acesse o player abaixo e curta a entrevista:

Veja abaixo a transcrição completa da entrevista:

89: Você está lançando um novo álbum, Cellophane. Como foi o processo de composição e gravação?

Richie Ramone: O álbum foi produzido por Paul Ross, que acabou virando um grande amigo. Ele já tocou com a Nina Hagen e algumas bandas de punk. Sobre o processo de composição, eu na verdade escrevi algumas músicas com alguns dos integrantes da minha banda e uma outra com o guitarrista do The Two Ten. Eu quis trazer uma nova estrutura para essas novas músicas e melodias. Este é um grande álbum, e tem um primeiro single (“I Fix This”) muito bom. Ela é uma faixa amigável e eu estou realmente muito animado com ela. Acho que tanto a música quanto o vídeo estão indo muito bem.

89: O álbum também conta com uma versão da música “Enjoy The Silence” do Depeche Mode. Por quê decidiu fazer essa versão e coloca-la no disco?
Richie Ramone: Eu gosto da mensagem dela. Achei que ia combinar com a minha voz e eu realmente gosto desta música. Quando comecei a tocar com a banda, nós mexemos nela, fizemos ela ficar mais pesada e ficou com a nossa cara. Achei que ficou legal e eu gostei bastante.

89: Por quê deu o nome do álbum de Cellophane?
Richie Ramone: O nome ficou “Cellophane” porque também é o nome da terceira faixa do álbum. É uma música sobre os fãs. Fala sobre estar na estrada o tempo todo, de toda noite ter que ter energia para fazer o show, mesmo quando está em um dia que não está com disposição. E quando você chega no lugar da apresentação e a plateia começa a gritar o seu nome…cara, eles nos animam muito! E eu também gosto de como soa esse nome (risos).

89: Você prefere estar em turnê ou no estúdio?
Richie Ramone: Em turnê. Sem se apresentar para o público, não teria razão de ficar no estúdio. São eles o motivo da nossa dedicação a música, queremos que eles se divirtam. Eu amo viajar, comer e beber diferentes tipos de comida e bebidas ao redor do mundo. Amo conversar com todo mundo. Tiro fotos depois dos shows, dou autógrafos, converso com os fãs, pergunto o que eles acharam e o que passa na cabeça deles. É muito gratificante, é uma experiência muito boa. Gravar um disco é uma coisa, mas nada substitui o “ao vivo”.

89: Você se sente mais confortável tocando bateria ou cantando ou os dois ao mesmo tempo?
Richie Ramone: Eu me sinto confortável com ambos. Nas minhas atuais apresentações, eu toco bateria e canto. Meu segundo guitarrista vai para a bateria quando eu vou para frente do palco cantar e interagir com a plateia. Em algumas partes do show, eu toco bateria e canto ao mesmo tempo, mas não é o suficiente. Eu quero interagir e cantar com a plateia, dividir o microfone com eles e animar todo mundo. Isso que é importante. Uma vez que eu tenho dois guitarristas, sendo que um deles toca bateria, posso ir para frente enquanto um deles assume as baquetas.

89: Você está preparando algo especial para o show em São Paulo este ano?
Richie Ramone: Tudo e todo show é especial. Todas as apresentações são especiais, mas eu não vou te contar o que irei fazer. O show realmente é bom, porque o ritmo continua agressivamente rápido e alto assim como os Ramones. Eu toco algumas músicas dos meus dois primeiros discos, além de algumas músicas que eu gravei com os Ramones nos anos 1980 como “Somebody Put Something In My Drink” e “(You) Can’t Say Anything Nice”. E também tem os clássicos dos primeiros álbuns dos Ramones. Isto realmente funciona e é um show que não tem pausa, deixa todos suados e a plateia fica querendo mais e faz com que quando vão embora falem para as pessoas que não foram o que elas perderam.

89: Você tem uma música favorita dos Ramones?
Richie Ramone: Se eu ganhasse um dólar a cada vez que alguém me pergunta isso…Como escolher apenas uma música dos Ramones? É impossível! O catálogo da banda tem tantas músicas boas. Naturalmente, eu escolho para os meus shows músicas como “Havana Affair” e “Blitzkrieg Bop”. Eu gosto das músicas mais agressivas que os Ramones fizeram porque eu acho funciona bem com a minha voz. Eu não sou tão bom quanto o Joey Ramone cantando, mas esses tipos de músicas realmente funcionam. Mas eu não posso escolher apenas uma música e não acho que alguém possa.

89: Você mantém contato com os integrantes que fizeram parte dos Ramones que ainda estão vivos?
Richie Ramone: Todos estão cuidando das suas respectivas vidas. Eu conversei algumas vezes com CJ ao longo dos anos. Nós estamos pensando em fazer algo juntos algum dia, mas vamos ver o que acontece. O Marky eu conheci faz muito tempo, mas nunca falo com ele.

89: Se algum dia acontecer um show especial ou algum tipo de tributo aos Ramones algum dia, unindo os músicos que fizeram parte da banda, você participaria?
Richie Ramone: Isso nunca vai acontecer…o que temos são dois bateristas e um baixista, não tem como tocar assim (risos).

89: Falando sobre o Brasil, você lembra como foi a última vez que esteve no país?
Richie Ramone: Sim, eu estive no Brasil há quatro anos (2012), antes de lançar o meu primeiro álbum e estava com a primeira formação da minha banda. Mas agora eu tenho a melhor formação que já tive. Eles realmente trabalham duro, são cheios de vida e estamos muito felizes. Mas sabe, eu me recordo de muitas coisas boas do país. A gente vai para o Brasil e recebe muito amor e respeito e não só por eu ser um Ramone. Todos são tão legais que tornam minha passagem muito boa e sabe, quatro anos é muito tempo para ficar sem ir ao Brasil. Demorou muito tempo para encontrar um assessor para me levar de volta. Vou me encontrar com vocês em breve.

89: Como você vê a cena do rock atual, especialmente o punk? Alguma banda que você gosta?
Richie Ramone: Está tudo mudando…o Punk Rock já tem muitos anos. Eu gosto muito do Teenage Bottlerocket, porque eles cantam e tocam com o coração. É uma das minhas bandas favoritas desses últimos anos. Uma parte boa de fazer turnê é poder ver bandas que eu nunca ouvi falar, e isso me anima. Eu converso muito com as bandas de abertura, eles me mandam alguns arquivos e é bem legal. Eu sou do tipo de cara que se eu estiver no camarim e ouvir uma banda legal eu vou até ela e assisto eles tocarem. Eu não vejo a hora de ir ouvir essas novas bandas da América do Sul.

89: Teve algum momento em sua carreira que você considerou o mais especial?
Richie Ramone: Sim. Eu tinha 24 anos quando me juntei aos Ramones e foi a minha primeira turnê pelos Estados Unidos. Eu sou muito abençoado, honrado e agradecido por isso. Estava em uma das melhores bandas de rock n’ roll da história. É inacreditável! Fazer parte desse legado é emocionante. E me tornar amigo do Joey, sabe? Sinto falta dele. Mas sei que ele está olhando lá de cima dizendo “Ole Ole Richie”. Eu tenho certeza disso.

89: Você considera os Ramones a melhor maior banda de rock n’ roll de todos os tempos?
Richie Ramone: Só tem algumas bandas que inovaram a música e os Ramones mudaram a forma na qual a ouvimos hoje em dia e muitas bandas seguiram esta linha. Então foi isso que fez com que eles fossem muito bons e um dos melhores, porque eles mudaram a face da música.

89: Qual a sua opinião sobre premiações como o Grammy e o Rock N Roll Hall Of Fame?
Richie Ramone: Eu acho que são legais, mas não compreendo porque eles começam a fazer isso depois que todos morreram. Sabe, o Joey ficaria feliz de ter tido a chance de comparecer ao Rock N Roll Hall Of Fame. Mas é o rumo que a vida toma. Os Ramones começaram a ficar muito conhecidos quando os integrantes principais estavam morrendo, o que eu não entendo, porque se fosse nos dias atuais, eles estariam ainda mais populares no rádio do que foram nos anos 1970 e 1980.

89: Qual é a sua opinião sobre a atual forma que as pessoas ouvem música, como o streaming e internet? Você usa esses meios ou acha que o rádio ainda é o melhor meio de ouvir música?
Richie Ramone: Eu ouço música quando estou dirigindo o meu carro, mudando as estações de rádio. A música mudou por completo. O rock n’ roll não é mais só pela diversão. É uma música pop agora, dançante, e as rádios dos Estados Unidos não tocam tanto quanto tocava antes. Uma banda que vendia dois milhões de discos alguns anos atrás, vendem apenas cem mil agora, porque hoje tudo é liberado de graça. Mas você não pode sentar e ficar bravo com isso, tem que seguir em frente. É o jeito que as coisas são. Para os fãs isso é bom. Nós não ganhamos mais dinheiro com os discos, porque a gente não vende muito, então temos que fazer mais turnês. E eles conseguem ver muitas bandas por causas dessas turnês. Nós fazemos dinheiro com isso e com o merchandising. Por isso que é bom para o fãs. Mas não fico me lamentando por causa disso. Meus álbuns são lançados, e no dia seguinte alguém já disponibiliza as músicas no YouTube. Eu acho que agora até as crianças preferem ir dançar em outro lugar do que ver música ao vivo. Eu espero que isso mude. Mas ainda tem pessoas que apoiam as bandas e compram os CDs e vinis e são essas pessoas que eu agradeço, especialmente os fãs dos Ramones. Eles são grandes colecionadores. Querem os CDs, álbuns completos e tudo o que puderem ter. Eu pego algumas fotos das coleções dessa galera que eu nunca tinha visto. Eles gostam de ter tudo na mão e eu fico muito orgulhoso disto.

89: Deixe um recado para os seus fãs de São Paulo.
Richie Ramone: Venham para o meu show na Clash Club dia 28 de agosto em São Paulo. Como eu disse antes, eu quero ir aí, sentar com vocês, tomar umas bebidas e festejar. É depois do show que as cosias continuam acontecendo. Eu não vou fugir. Vamos se divertir! Encontro vocês lá.



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