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Para celebrar os trinta anos da 89, a festa da Rádio Rock foi um festival

Willian Maier

Para celebrar os trinta anos da 89, a festa da Rádio Rock foi um festival imagem divulgação

Comemorar trinta anos de carreira é uma ocasião especial para qualquer artista. Mas é um fato ainda mais simbólico quando você não é um artista, mas uma instituição cujo DNA nasceu da vontade de divulgar esses artistas, criar uma cena, alimentar uma audiência sedenta por música de qualidade. Poucos artistas de rock no Brasil podem se dar ao luxo de comemorar trinta anos de vida, mas mesmo os que não chegaram lá devem boa parte de suas carreiras e seu sucesso a uma rádio sintonizada com o coração dos músicos e do seu público: 89 FM, a Rádio Rock.

Olhando para trás, vemos que o nascimento da Rádio Rock, em 1985, foi emblemático: o país dizia adeus à ditadura militar, saía às ruas para pedir Diretas Já, sediava a primeira edição do Rock in Rio. O rock era a trilha sonora da juventude que queria um país novo, com guitarras e amplificadores no lugar dos cassetetes. Foi um dos momentos em que a gente sentia, lá no fundo, que o país ia dar certo.

Para ser justos, é bom admitir que já havia rádios rock no Brasil, como a Fluminense no Rio e a 97 FM no ABC. Mas, bairrismos à parte, nenhum local poderia ser mais rock & roll para o nascimento de uma rádio do que a Avenida Paulista, e foi ali que a 89 nasceu. Foi um sucesso logo de cara, o Brasil precisava de uma rádio assim. E apesar de um período de interrupção, quando sua programação flertou com outros estilos mais populares, a Rádio Rock segue firme e forte graças ao carisma de seus apresentadores, o amor do público e a coragem e ousadia do Diretor Executivo Junior Camargo, roqueiro convicto que acreditou no potencial do estilo e bancou a sua volta.

Nada mais adequado para celebrar os trinta anos de uma rádio rock que… um show de rock, claro. Mas a 89 não fez apenas um show de rock: fez um megafestival que reuniu, com toda a simbologia que a data merece, nomes consagrados e novas bandas brasileiras.

A festa-festival foi neste sábado, dia 28 de novembro, no Anhembi, para um público de quase vinte mil pessoas. Mantendo a pegada ‘do bem’ pela qual a rádio também é conhecida – além de programas sociais, a 89 apoia ONGs de proteção a animais, como a Ampara –, e a metade do preço dos ingressos foi convertida em alimentos que serão doados para uma instituição de caridade.

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NLO – Foto: Camila Cara

O show, que contava com dois palcos construídos lado a lado, foi aberto por bandas novas como o Nem Liminha Ouviu, do apresentador Tatola (que era vocalista do Não Religião) e as Vespas Mandarinas, uma das bandas mais legais na nova safra brasileira. Na sequência veio a Urbana Legion, tributo pesado em homenagem ao Legião Urbana que conta com músicos do Charlie Brown e Tihuana. Foi a primeira participação, ainda que indireta, de uma banda da geração que ajudou a construir a identidade do rock brasileiro – talvez a maior delas. A Legião Urbana tinha que estar presente em qualquer evento que celebrasse os últimos 30 anos de rock no Brasil.

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Uraba Legion / Foto: Camila Cara

Depois veio o Supercombo, outra talentosa aposta da nova geração. No meio da tarde, o Paralamas do Sucesso trouxe para a festa sua lista de hits que todo mundo adora cantar junto. Lembrando que o Paralamas esteve no primeiro Rock in Rio e foi uma das bandas mais importantes para o nascimento do estilo que hoje é conhecido como Rock Brasil – mesmo sendo um pouco mais pop que seus companheiros de palco.

supercombo / Foto: Camila Cara

 

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Paralamas do Sucesso / Foto: Camila Cara

Scalene, como o Supercombo, apareceu para o grande público em um reality show de bandas na TV, mas, assim também como o Supercombo, mostrou que é muito mais que isso: uma banda com talento e carisma, além de excelentes letras e composições. Mas o público começou a enlouquecer mesmo foi quando a banda seguinte subiu ao palco: os cabeças-dinossauros do Titãs desfilaram suas melodias pesadas e letras concretistas enquanto o concreto do Anhembi quase pegava fogo com o calor.

Scalene / Foto: Camila Cara

 

Titãs / Foto: Camila Cara

Titãs / Foto: Camila Cara

Raimundos veio depois; confesso que fazia um bom tempo que eu não via a banda ao vivo, e fiquei impressionado como os caras estão coesos. Como o rock brasileiro – e como a própria 89 – os Raimundos são uma história e redenção e mereceram voltar ao lugar mais alto do Olimpo roqueiro brasileiro. Nos anos 1990, VIPER e Raimundos tocaram juntos em festivais e turnês pelo país, e foi com saudosismo – no bom sentido – que voltei a lembrar por que eles foram (e são) uma das bandas mais incríveis que surgiram no país nesses trinta anos. Originais, pesados e divertidos são apenas alguns dos adjetivos que fizeram o público delirar.

Raimundos / Foto: Camila Cara

Pitty foi outra que me impressionou, não apenas pelo excelente repertório que ela construiu ao longo desses anos, mas pelo profissionalismo do show e o carisma dela no palco. Que show incrível! Quando vi Pitty surgir, nos anos 1990, ela ainda era uma garota um pouco tímida, parecia ainda estar descobrindo a própria personalidade. Hoje se tornou uma super artista, uma pinup pós-moderna cujo sucesso merecido se deve ao seu estilo e talento. Pitty descobriu que pode ter atitude e ser sexy ao mesmo tempo, o que a torna provavelmente a mais interessante artista feminina do país (espero que chamar uma mulher de sexy ainda não esteja proibido pelas femininstas). Rita Lee pode ficar tranquila, pois já tem uma sucessora.

Pitty / Foto: Camila Cara

CPM 22 é aquela festa de sempre, com o público cantando os sucessos que alternam letras ingênuas e um hardcore melódico. E o final do festival não poderia ser melhor, com aquela que hoje é a maior banda de rock do país: Capital Inicial.

CPM 22 / Foto: Camila Cara

Sou suspeito para falar do Capital porque sou muito amigo deles – o guitarrista Yves, inclusive, foi meu colega no VIPER. Mas qualquer um pode ver que o Capital tem algo que os diferencia de outras bandas da primeira geração do rock brasileiro: enquanto muitas delas vivem de seus sucessos do passado, o Capital teve a capacidade de se reinventar a cada novo álbum, o que foi uma estratégia acertada pois os mantém próximos da galera mais nova. Mas isso é só na teoria; na prática, é porque tem grandes canções e o melhor frontman do rock brasileiro: o ‘Dorian Gray’ Dinho Ouro Preto.

Capital Inicial / Foto Camila Cara

Quando a maratona chegou ao fim, sobrou apenas o cansaço e a reflexão sobre o que significa de verdade um festival como este. Três décadas depois, é possível ver que os artistas têm realmente uma relação de amor e afeto por esta rádio que tanto os ajudou a construir suas carreiras. Mas a rádio, embora seja uma entidade um pouco mais abstrata, também tem que agradecer a essas bandas que a alimentaram de boas músicas e fizeram a rádio crescer graças aos seus sucessos. Afinal, uma rádio é feita de apresentadores e locutores, executivos e gerentes, mas é essencialmente feita de música. E a nossa música, o nosso rock, é sensacional.

A participação maravilhosa do público ontem, no Anhembi, também faz a gente compreender que, mais ainda do que a música, as bandas e os funcionários, a Rádio Rock é feita pelo seu público, por aqueles que sintonizam no 89,1 porque acham que dali sairá algum som que transformará suas vidas. E é exatamente por isso que só temos duas palavras para resumir o que foram esses trinta anos de vida da rádio 89 FM: parabéns e obrigado.

E aumenta o som porque os próximos trinta anos serão ainda mais incríveis!

Por Felipe Machado



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