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Corey Taylor fala com a 89 e manda recado para quem vive com o celular na mão

Redação 89

Corey Taylor fala com a 89 e manda recado para quem vive com o celular na mão imagem divulgação

Corey Taylor, vocalista do Slipknot, recebeu a Rádio Rock antes do show deste domingo, 27 de setembro, na Arena Anhembi, em São Paulo, e passou um recado ao final da entrevista para quem vive com o celular na mão: “Desconecte-se e viva!”.  Ele definiu  a nova geração como “diferente, que vive a era digital” e crê que não faz sentido curtir um show através de uma tela, que não dá pra fazer tudo pela internet e que as pessoas que agem dessa forma estão perdendo a chance de viver de verdade.

Sobre os próximos passos do Slikpnot, confirmou que pretendem lançar um álbum conceitual acompanhado de um filme, mas que por enquanto a banda ainda está no processo de ter ideias para depois ver o que exatamente vai fazer. Disse também que o objetivo é sempre tentar fazer algo que ainda não foi feito e não descartou a possibilidade de um dia o Slipknot lançar um trabalho acústico, pois segundo as palavras de Corey Taylor, “quem afirma que nunca irá fazer algo está no melhor caminho para ser um idiota”.

O cantor não conseguiu identificar um grande ídolo no rock atual, mas elogiou bandas que estão crescendo no segmento, como o Bring Me The Horizon, e acredita que “ainda tem lugar para a música honesta no mundo”. Ele também falou um pouco sobre os fãs brasileiros e os novos integrantes do Slikpnot.

Confira como foi a conversa com o Corey Taylor:

89: É a quarta passagem do Slipknot pelo Brasil. O que você mais gosta no país?

COREY TAYLOR: São os fãs. Isso é óbvio. Eles têm muita paixão. Nós tocamos no Rock In Rio antes desse show em São Paulo e provavelmente foi uma das melhores apresentações que já fizemos. Estava um clima ótimo e eles estavam cantando muito alto! Eu conseguia ouvir o público cantando as músicas mesmo com o retorno que isola o som externo, que eu uso nos meus ouvidos. Isso foi incrível! Fico feliz em ouvir e sentir essa experiência, que vem de algo que nós trabalhamos duro para conseguir. Então para mim, sempre serão os fãs e as pessoas. Isso é sensacional!

89: É a primeira turnê com o baterista Jay Weinberg e o baixista Alessandro Venturella no Slipknot. Como é tocar com os caras?

COREY TAYLOR: Tem sido ótimo! Estamos em turnê há quase um ano com eles e parece que agora estamos próximos não só como banda, mas como um grupo de amigos. Nós não poderíamos ter dois caras melhor pra entrar numa situação como a que estávamos passando (Corey se refere à saída do baterista Joey Jordison, integrante original, e a gravação do primeiro álbum sem o Paul Gray, falecido baixista e fundador da banda). Eles tocam muito e amam estar na banda tanto quanto nós amamos e eu queria que todos pudessem ver a cara deles depois do show do Rock In Rio quando eles tiraram as máscaras. Eles estavam impressionados! Então quando tem esse tipo de energia, tudo fica melhor.

89: Depois da atual turnê, vocês pretendem dar um tempo pra depois fazer um álbum conceitual e um filme? Como vai ser isso? Já começaram a escrever esse material?

COREY TAYLOR: Sim, é um ponto de partida que já pensamos. Ainda não sabemos como vai ser a história, mas queremos fazer algo que nós nunca fizemos antes. Nós queremos fazer algo que expanda o que já criamos. Nós sempre tentamos expandir a música de alguma forma e também o tipo de som que podemos tocar. Nós fizemos algo um pouco parecido no nosso terceiro álbum, o “Vol 3: (The Subliminal Verses). No momento em que estamos atualmente, queremos “casar” toda a música que sempre fizemos com a arte que nos preocupamos em usar, porque para nós a preocupação sempre é com a criatividade. Então com certeza estamos pensando no design e em ideias do que podemos usar em uma turnê. Estamos juntando tudo pra ver o que vai sair disso. Mas ainda não escrevemos nada sobre o que exatamente será esse filme. Primeiro tem que ter uma ideia e depois tudo vem em seguida. Você primeiro tem que ter essa diversificação, e depois tentar focar em apenas uma ideia. Então nós queremos primeiro ter um foco, e depois fazer as músicas em cima disso. Sempre funciona melhor quando você trabalha assim porque as ideias começam a surgir e com isso você consegue algo para trabalhar.

89: Já pensaram em fazer algo totalmente diferente com o Slipknot, como, por exemplo, um álbum acústico?

COREY TAYLOR: Eu não sei se isso vai acontecer. Nós com certeza temos músicas mais calmas e melancólicas. Mas, como todos já sabem, nunca diga nunca, porque se você pensa o contrário, é a melhor maneira de você parecer um idiota. Mas não temos planos para fazer um álbum acústico. Temos elementos desse tipo que podemos usar de alguma forma. Nós nos preocupamos em explorar o que nunca foi feito antes, usar as variações que são possíveis de encontrar na música e encontrar formas diferentes para as ideias que temos virarem realidade. Se você pegar a música “Goodbye” (música lançada no álbum “.5: The Gray Chapter”, o mais recente trabalho do Slipknot), por exemplo, eu compus no violão, mas eu sei que não seria dessa forma o final dela como música. Eu quis recriar as notas e a melodia, mas tentando fugir do normal e experimentar, e eu acho que a gente consegue isso.

89: Qual é a sua opinião sobre as bandas novas como Arctic Monkeys e Imagine Dragons que estão fazendo turnê mundial e lotando os lugares por onde passam? Você gosta desse tipo de som?

COREY TAYLOR: Sim, eu gosto! Tem uma nova geração ótima surgindo. Isso me dá confiança. O momento tem sido bom também para músicas mais pesadas e boas. Há bandas como Bring Me The Horizon que estão começando a chamar atenção das pessoas da maneira deles. Lembra quando o Avenged Sevenfold começou a estourar mundialmente. Eu estou muito inspirado com essa nova geração que está surgindo. Estou ansioso para ver até onde isso vai e ver se eles serão aceitos.

89: Você acha que o rock atualmente tem um grande ídolo, como o Kurt Cobain nos anos 90, os Beatles nos anos 60, ou algo nessa linha?

COREY TAYLOR: Essa é uma boa pergunta…não tenho certeza disso. Uma das coisas que acontecem atualmente é que tem um sentimento comum de que “tudo já foi escrito, tudo já foi feito”. Quando pensavam que os Beatles já tinham feito tudo que poderia ser feito, surge o Kurt Cobain e “liberta” mais uma vez a música de uma maneira incrível. E agora as pessoas olham pra esse momento e pensam no que vão fazer em seguida. Não tem como saber exatamente o que precisa ser feito, mas as pessoas estão explorando. Eu estou sempre procurando um novo caminho, uma nova música, uma nova forma de se expressar, uma nova forma de cantar, uma nova forma de tentar dizer algo que ainda não foi dito. E acho que enquanto existirem pessoas que pensam assim e se dedicam a isso, temos esperanças para o futuro. Ainda tem lugar para a música honesta no mundo.

89: E por que você acha que as pessoas estão filmando e tirando tantas fotos hoje em dia?

COREY TAYLOR: É apenas uma geração diferente, que cresceu com um telefone na mão. Eles quase não sabem como interagir com as pessoas, não sabem interagir com o “ao vivo”, o que é real, o “agora”. A única forma que eles conseguem experimentar o mundo é através de uma tela. E essa é uma das razões que eu me sinto frustrado com isso. Você está perdendo a vida! Desculpa, mas nem tudo está na internet! Você não consegue comer pela internet, não consegue beber, dormir, não dá! A vida não deixa você fazer essas coisas pela internet! Então apenas tire um pouco os olhos da tela, veja as coisas em sua forma real, e experimente o agora. Não é uma coisa que você pode voltar e viver novamente. Então apenas viva o agora. Eu nunca tiro fotos! Até com as minhas crianças, eu tenho que lembrar pra tirar fotos deles para mandar para as pessoas. Não consigo ver sentido em ir a um show, pegar o celular e filmar por uma tela! Mas essa é a geração atual, e tudo o que eles sabem. É a era digital para eles. E vai ser difícil para as pessoas perceberem que estão não apenas perdendo o contato com outras pessoas, mas estão perdendo o contato com vida. Eu tento encorajar as pessoas a escapar disso. Desconecte-se e viva!

Corey Taylor ao lado do jornalista Wendell Correia

Corey Taylor ao lado do jornalista Wendell Correia

Ouça na íntegra a entrevista com Corey Taylor realizada pelo jornalista Wendell Correia com a tradução na voz da apresentadora Marina Valsechi:

Foto ilustração: Camila Cara



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